domingo, 18 de abril de 2010

Entrevista com o Good Intentions


Pra retirar as teias de aranha do blog, vou postar alguns arquivos que tenho, que era pra segunda edição do zine Mente Armada, mas que acabou não rolando. Dessa vez é uma entrevista com o Good Intentions, feita em 2009.

Good Intentions foi formado em 1999 por cinco amigos em São Paulo. Está na ativa até hoje e está preparando para gravar o próximo disco que ainda não tem nome. A entrevista foi feita com o André que é o vocal da banda e nela ele fala sobre algumas coisas sobre a banda e o que ele pensa a respeito de alguns temas como religião, straight edge e política.

Apresente a banda, diga quem está nela, o que cada um faz (trabalho, estudo...) e conte um pouco sobre a história do Good Intentions. Fale também por que foi esse o nome escolhido para a banda.
Hoje a banda é: Fausto Oi, toca guitarra no Good Intentions e no Eu Serei a Hiena, baixo no Inspire e no Dance of Days. Além disso, ele trabalha em uma loja de disco na galeria do rock. Augusto Coello, toca bateria no Good Intentions e no Live for This e trabalha como agente de turismo em uma agência. Felipe Saluti, guitarrista, toca também guitarra no Live for This e baixo no MACE, ele dá aulas de Geografia para o ensino médio. Lucas Guimarães, ele tocava baixo no Dzespero, mudou-se pra SP pra fazer mestrado na USP, hoje já faz doutorado também na USP, é personal training e está tocando baixo no Good Intentions e no By Your Side.
André Vieland, sou vocalista e canto também no Live for This e no By Your Side. Administro um restaurante vegano aqui em SP.

O Good Intentions ou algum membro da banda tem posicionamento político?
O Felipe gosta e é muito envolvido com política, ele é comunista. O restante da banda não é tão envolvido com política, mas acredito que todos da banda são de esquerda.

Esta é clássica: O que vocês pensam sobre hardcore e religião? Alguém da banda tem religião?
Na minha opinião, religião é algo muito delicado de se discutir, dentro ou fora do hardcore é delicado. Sendo assim, não deve se misturar as coisas, se fizerem isso que façam com cuidado, pois pode se soar muito imponente. No Good Intentions dois são ateus, os outros três têm opiniões bastante pessoais sobre religião.

Vocês são uma banda straight edge? O que isso significa para vocês hoje?
Eu vi alguns shows de bandas há alguns anos atrás, onde todos que estavam naquele show cantavam e cantavam com o coração e foi por isso que eu apaixonei.
Via aquelas pessoas cantando e eu via muita sinceridade naquilo e o Good Intentions é espaço que temos pra propagar algumas coisas que acreditamos e ver as pessoas cantando como eu vi há anos atrás, ver as pessoas se apaixonarem como eu me apaixonei. O straight edge é o estilo de vida que vivemos e o Good Intentions existe com o intuito de propagar as coisas que cada um que está no palco vive. Enfim, propagamos o que vivemos e o que vivemos é o straight edge.

Como vocês encaram o vegetarianismo? Vocês o divulgam, participam de algum coletivo, são ativistas? Vocês acham que hoje falar de vetetarianismo é mais fácil do que há alguns anos atrás? Parece que algumas pessoas da cena não dão muita importância a isso...
Há alguns anos atrás, quando você falava: - Sou straight edge! Você automaticamente dizia: - faço parte do hardcore/punk, não uso drogas e sou vegetariano. Mas os anos vão se passando, as coisas vão mudando e hoje apesar de ser mais fácil se falar de vegetarianismo e de se ser vegetariano vemos que as pessoas não dão muita importância pra isso. Bom, o que eu posso dizer é que hoje o vegetarianismo vem à frente de muita coisa, hoje vivo isso. Como eu disse na primeira pergunta, eu administro um restaurante vegano, faço parte do coletivo Verdurada* e apoio diretamente grupos ativistas. Não faço mais porque infelizmente me falta tempo, mas se eu pudesse, faria muito, mas muito mais. O vegetarianismo pra mim é muito importante, muito mais importante do que o fato da pessoa ser ou não straight edge.

Vocês acham que o hardcore hoje está despolitizado? Eu falo isso porque há muitas bandas tratando de temas sem relevância apenas repetindo clichês e mais clichês... Enquanto as bandas boas, que tem realmente uma mensagem para passar, não recebem muita atenção...
Com certeza! Cara tem muita banda boa passando mensagens boas, mas infelizmente, nada de novo é dito, temos o espaço e uma arma muito poderosa na mão, mas não usamos. PRECISAMOS USAR ISSO! PRECISAMOS USAR O ESPAÇO QUE TEMOS!

Na música “Fight together” vocês falam “Em uma sub-cultura; Todos são irmãos”. Vocês acreditam em uma união na cena hardcore, mesmo com tanta diferença entre as pessoas?
Cara, a gente luta por isso, a gente gostaria muito que isso acontecesse, e no que depender de nós isso aconteceria. Agora, enquanto houver tanta intolerância, enquanto houver tanta hipocrisia, enquanto não houver respeito e enquanto as pessoas colocarem o ego e a ambição à frente de tudo isso nunca vai acontecer. Nunca.

Vocês têm uma música chamada “Revolução”. Vocês acreditam em uma revolução? Que tipo de revolução seria essa?
Essa foi uma das primeiras musicas da banda, vivemos outra época, mas ainda acreditamos nas coisas. Eu acredito numa revolução pessoal, uma revolução interna. Respeitar como gostaria de ser respeitado. Ensinar como gostaria de aprender. Se isso acontecesse muita coisa já seria diferente.

Quando sai o disco novo, como chamará e em que fase está o processo de gravação do cd?
Acabamos de colocar três sons novos no Myspace, é uma pré do que será o disco. O disco novo ainda não tem nome, mas há uns anos atrás ele iria se chamar: “Veneno que não me mata” e ando pensando em “Faço o que posso”.

O Good Intentions toca ou já tocou quais covers?
Cara já tocamos muitas covers! MUITOS! (risos)
Temos gravadas:
- Marque essas palavras do Invictus;
- Time for Compassion do Inspire;
- Hurts to ask do Chain of Strenght;
- What lies ahead do Hands Tied;
- Side by side do Side by Side;
E já tocamos Gorilla Biscuits, Youth of Today, Mouthpiece, Self Sonviction, H2O, Sick Of It All… Muita coisa mesmo.

Resumidamente fale sobre:
Uma frase marcante: “um motivo pra fugir, mil motivos pra encarar. Nosso mundo é isso ai, só nos resta enfrentar. - Leocopenia - Vontade de Viver”;
Melhor banda nacional que já existiu: - Point of no Return;
Uma comida: - risoto de shimeji com alho-poró;
Um livro que tem que ser lido: Ismael – Um Romance da Condição Humana – Daniel Quinn;
Zines: Não parem nunca! Por favor!

É isso aê, obrigado. Espero que venham rápido para BH... Este espaço sempre estará aberto pra vocês. Alguma mensagem final?
Muito obrigado pela oportunidade! Mil desculpas pela demora, juro que não foi descaso e sim falta de tempo mesmo. Demorei por ser algo que EU queria fazer por ser algo importante pra mim.
Sorte e não pare nunca!
“O que se acredita não pode ser em vão. Levante a cabeça. Você quem faz o seu próprio destino”.

*Coletivo Verdurada: http://www.verdurada.org/

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